TEMAS BÍBLICOS PARA A CATEQUESE
2º Encontro
(22/03/2022)
O tema do Quérigma
(κήρυγμα)
Mt 12,41;
Mc 16,8; Lc 11,32
Rm 16,25; 1Cor 1,21; 2,4; 15,14
2Tm 2,14; Tt 1,3
ANIMAÇÃO BÍBLICA
DA CATEQUESE
Jesus no/a Catequista <> Jesus Evangelho <> Jesus no/a Catequizando/a Além disso,
todo processo vivo de transmissão da fé tem três etapas: Um ponto de partida, um desenvolvimento e um
ponto de chegada
Do Encontro
com
Jesus <> pelo Caminho
com Jesus <>
à Refeição com Jesus
EVANGELII GAUDIUM – N. 174
“Não
é só a homilia que se deve alimentar da Palavra de Deus. Toda a evangelização
está fundada sobre esta Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e
testemunhada.
A Sagrada
Escritura é fonte da evangelização.
Por
isso, é preciso formar-se continuamente na
escuta da Palavra. A Igreja não evangeliza, se não se deixa continuamente evangelizar.
É indispensável que a Palavra
de Deus «se torne cada vez mais o coração
de toda a atividade eclesial».
A
Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na Eucaristia, alimenta e reforça
interiormente os cristãos e torna-os capazes de um autêntico testemunho
evangélico na vida diária. Superamos já a velha contraposição entre Palavra
e Sacramento: a Palavra proclamada, viva e eficaz, prepara a recepção do
Sacramento e, no Sacramento, essa Palavra alcança a sua máxima eficácia.”
EVANGELII GAUDIUM – N. 175
“O
estudo da Sagrada Escritura deve ser uma porta aberta para todos os fiéis.
É
fundamental que a Palavra revelada fecunde radicalmente a catequese e todos os
esforços para transmitir a fé.
A
evangelização requer a familiaridade com a Palavra de Deus, e isto exige que as
dioceses, paróquias e todos os grupos católicos proponham um estudo sério e
perseverante da Bíblia e promovam igualmente a sua leitura orante pessoal e
comunitária.
Nós
não procuramos Deus tateando, nem precisamos de esperar que Ele nos dirija a
palavra, porque realmente «Deus falou, já não é o grande desconhecido, mas
mostrou-Se a Si mesmo».
Acolhamos o tesouro sublime
da Palavra revelada!”
O QUÉRIGMA
O kērygma é um substantivo usado desde os
primórdios da Igreja para indicar o anúncio,
a proclamação e a pregação inicial, isto é, a mensagem
dirigida pelos apóstolos e seus sucessores ao ser humano (Mt 28,18-20) sobre o evento central do Novo Testamento, ou
seja a salvação operada por Jesus Cristo morto e ressuscitado.
O Quérigma não é o anúncio
de uma verdade abstrata ou atemporal, mas da realidade histórico-salvífica
universal de Jesus Cristo, o qual chama cada ser
humano a se converter e a viver,
n’Ele, uma vida
nova.
O Quérigma foi o tema
principal das primeiras pregações apostólicas de Pedro,
diante dos ouvintes de origem judaica, e dos
discursos de Paulo, primeiramente dirigido aos judeus e, depois, aos gentios.
DISTINÇÃO
Do ponto de vista bíblico,
teológico e literário, o Quérigma é distinto da catequese. Enquanto o Quérigma é o primeiro anúncio feito ao ser humano,
a Catequese é o ensinamento-aprofundamento pedagógico dos elementos
presentes no Quérigma aos que pessoalmente o aderiram.
O Quérigma é, portanto, a
essência do Evangelho e a principal fonte da
tradição protocristã que
pode ser sintetizada nos seguintes pontos:
1. Jesus Cristo é a realização de todas as promessas do AT.
2. A missão de Jesus Cristo foi confirmada pelas obras extraordinárias pelas quais Ele manifestou o seu divino poder e autoridade;
3. O sentido salvífico
da sua morte na cruz;
4. A sua ressurreição, como prova de que Deus estava com ele.
5. A sua ascensão ao céu e a promessa da 2ª vinda gloriosa (Parusia).
6. O chamado à conversão, condição indispensável para
acontecer a remissão dos pecados,
receber o Espírito Santo, seus dons e carismas.
O Quérigma, fixado por
escrito no Novo Testamento, apareceu pela primeira vez em 1Cor 15,1-8 (escrita pelo ano 54/55 dC talvez de
Éfeso), e em Rm 1,1-6 (escrita quando Paulo
estava em Corinto entre os anos 57/58), em seguida foi formulado como profissão
de fé cristã (Atos) e, enfim, foi definido nas declarações dogmáticas da
Igreja.
O núcleo do Quérigma é a proclamação do Mistério Pascal, ponto de partida e
base da elaboração dos quatro Evangelhos.
Cada Evangelho canônico é um “compêndio catequético”.
1Cor 15,1-8
1Evoco a vós, irmãos, o
evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual estais perseverando 2e do qual recebeis a
salvação, se o mantiverdes como eu vos anunciei; de outro modo tereis crido
em vão.
3Vos transmiti, antes de tudo, o que recebi:
Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as
Escrituras, 4foi sepultado e ressuscitado no terceiro dia segundo
as Escrituras, 5e apareceu a Céfas e depois
aos Doze.
6A seguir, apareceu a mais de quinhentos irmãos de
uma vez: a maior parte destes ainda
vive, enquanto alguns
já morreram.
7Depois apareceu a Tiago e então a todos os apóstolos.
8Último, entre todos, apareceu também a mim como a um aborto (Ez
16).
1Cor 15,1-8
A certeza e a doutrina da
ressurreição são o centro da vivência, da pregação e do pensamento religioso e missionário do apóstolo Paulo.
É a afirmação da esperança cristã
fundamentada não em narrativas ou mitos, mas em testemunhas oculares que encontraram nas Escrituras a base necessária para formular a experiência de fé.
O anúncio da ressurreição torna-se, pois, um envolvimento pessoal
de quem anuncia com
quem escuta e adere.
A fé em Jesus de Nazaré, sem
o conteúdo da ressurreição, seria vazia, isto é, desprovida do conteúdo capaz
de arrancar o ser humano da dúvida e do desespero que a morte constantemente produz.
A alusão às Escrituras é a firme convicção de que Deus realizou as suas
promessas, cujo principal objetivo é a salvação do ser humano.